O Ministério da Saúde de Israel anunciou nesta sexta-feira (26) a detecção de um caso da nova variante de Covid-19 descoberta na África do Sul, a B.1.1.529, e bloqueou a entrada de pessoas de sete países africanos. “A variante descoberta nos estados do sul da África foi identificada em Israel. Trata-se de uma pessoa que veio do Malauí”, informou o ministério, que também analisa outros dois casos de pessoas que chegaram do exterior e estão confinadas. As três pessoas já estavam vacinadas contra a Covid-19, informou o ministério em um comunicado.

O anúncio foi feito um dia após o Reino Unido restringir viagens à África do Sul e mais cinco países do continente após a descoberta da variante e no dia em que a Comissão Europeia propôs aos 27 países membros da União Europeia a suspensão dos voos do sul da África. Antes mesmo da reunião do bloco europeu, a Alemanha já anunciou que não aceitará a entrada de viajantes procedentes da África do Sul e a Itália informou a proibição de entrada em seu território de qualquer pessoa que esteve em 7 nações do sul da África nos últimos 14 dias. O governo israelense colocou 7 nações africanas em sua lista vermelha sanitária (dos quais estrangeiros estão proibidos de viajar para o país): África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbábue. O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, convocou uma reunião de emergência com autoridades da saúde para examinar a situação e os riscos, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) também faz uma reunião nesta sexta para a nova variante.

O que já se sabe sobre a variante B.1.1.529

Há a expectativa de que, nesta sexta-feira (26), a Organização Mundial da Saúde (OMS) batize com um codinome grego uma nova variante do coronavírus que foi registrada pela primeira vez na África do Sul e já é considerada aquela com o maior número de mutações. Ainda é cedo para dizer o quão transmissível ou perigosa é a variante B.1.1.529. Isto porque ela ainda está restrita a uma província sul-africana. Mas um pesquisador já a classificou como “horrível”, enquanto outro disse à reportagem que ela é a pior já vista.

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Nova cepa do vírus da covid-19 apresenta alto número de mutações

Em uma entrevista coletiva, o professor Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação, na África do Sul, disse que foram localizadas 50 mutações no total — e mais de 30 na proteína spike (a “chave” que o vírus usa para entrar nas células e que é alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19). Oliveira, que é brasileiro, disse que a variante carrega uma “constelação incomum de mutações” e é “muito diferente” de outros tipos que já circularam. “Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução [e traz] muitas mais mutações do que esperávamos”. Até agora, foram confirmados 77 casos na Província de Gauteng, na África do Sul; quatro casos em Botsuana; e um em Hong Kong, diretamente relacionado a uma viagem à África do Sul. A variante traz uma preocupação em particular quando o assunto é a imunização. Isto porque as vacinas foram desenvolvidas mirando a cepa original do coronavírus, registrada inicialmente em Wuhan, na China. O fato da variante B.1.1.529 ser tão diferente do vírus inicial pode significar que as vacinas não funcionem tão bem. Por outro lado, é importante destacar que a África do Sul tem só 24% da população totalmente vacinada, então, pode ser que, ao chegar a países com taxas mais altas de imunização, a variante não tenha tanta força.

Africa CDC and WHO to meet with SA, Botswana over new COVID-19 variant B. 1.1.529 - YouTube

Quando muitas mutações preocupam

Em relação à parte do vírus que faz o primeiro contato com as células do nosso corpo, esta variante tem dez mutações, em comparação com as apenas duas da variante delta, que se espalhou pelo mundo. Esse nível de mutação provavelmente veio de um único paciente que não conseguiu combater o vírus. Muitas mutações não significam automaticamente algo ruim. O importante é saber o que elas provocam. Houve na pandemia muitos exemplos de variantes que inicialmente pareciam assustadoras, mas acabaram não correspondendo a estas terríveis expectativas. É o caso da variante beta, que inicialmente assustou por sua aparente capacidade de driblar o sistema imunológico. Entretanto, foi a variante delta que se espalhou pelo planeta.

Apenas 24% da população da África do Sul foi totalmente vacinada — Foto: Reuters

Algumas das mutações observadas na B.1.1.529 já foram detectadas em outras variantes, o que pode dar pistas de seus efeitos. Por exemplo, a mutação N501Y parece tornar mais fácil a propagação de um coronavírus. Existem outras que tornam mais difícil para os anticorpos reconhecerem o vírus e podem tornar as vacinas menos eficazes, mas existem algumas que são completamente novas. O professor Richard Lessells, da Universidade de KwaZulu-Natal na África do Sul, apontou que ainda há perguntas importantes a serem respondidas sobre essas alterações genéticas. “Nos preocupa que esse vírus possa ter maior capacidade de se espalhar de pessoa para pessoa — mas também que seja capaz de contornar peças do sistema imunológico.”

COVID variant South Africa: New heavily mutated variant B.1.1.529 emerges |  Marca

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