Paulo Roberto Dias Câmara tinha 75 anos e era pai de três filhos. Ele falava três idiomas, adorava tocar instrumento de corda e participou de várias apresentações musicais. Para completar a renda da família, trabalhava como vendedor ambulante empurrando um carrinho de picolé pelas ruas do Bairro Santa Cruz, na Região Nordeste de Belo Horizonte.

“Meu sogro era fumante. Ele fumava um maço e meio de cigarro por dia e de quebra tinha complicações respiratórias, a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). No dia 03 de junho ele deu entrada na UPA Noroeste com quadro de efizema pulmonar e pneumonia, mas o estado de saúde dele só piorou”, conta Ítalo de Jesus, genro de Paulo Roberto. De acordo com a família, o aposentado chegou a fazer um teste para a COVID-19 mas o primeiro resultado deu negativo. Com a piora do quadro, ele precisou ser levado para o Hospital Odilon Behrens. A filha mais velha, Samira Diniz Câmara, fez companhia para o pai durante a internação.

“O Paulo ficou na enfermaria e a Samira esteve com ele, de acompanhante. Ela deu banho, ajudou em todos os procedimentos. Quando o quadro do meu sogro piorou, a equipe médica levou ele para a área isolada e dias depois ela começou a apresentar os sintomas da Covid”, explica Ítalo. Segundo o cunhado de Samira, ela procurou o Centro de Sáude Gentil Gomes, no Bairro Santa Cruz, se queixando de sintomas da doença, mas não foi submetida a um teste rápido: “Eles falaram que ela tava com dengue e mandaram ela ir para casa”.

Morte logo após sintomas aparecerem

No Hospital Odilon Behrens, o quadro de saúde de Paulo Robertou pirou. Um segundo exame feito na unidade de saúde atestou a presença do vírus. Mas o aposentado não resistiu. Morreu no sábado, dia 13 de junho, em decorrência de uma parada cardíaca. Três dias antes da morte do pai, Samira já estava internada no Hospital Eduardo de Menezes, que é referência no atendimento à pacientes com a Covid-19. “O quadro dela só piorou, dia após dia, foram oito dias de internação. De uma hora para outra ela ficou muito mal. Assim que fizeram o teste para Covid-19, o resultado foi positivo”, disse o cunhado. Samira morreu quarta-feira, 17 de junho. Tinha 40 anos e trabalhava como cabeleireira. Era conhecida no bairro pelo talento que tinha para trabalhar com estética e beleza. Deixa um filho de 11 anos: “Ela cuidou do pai e nem se despediu dele”.

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Samira tinha 40 anos e trabalhava como cabeleireira. Ela morreu no último dia 17. — Foto: Arquivo pessoal

Mãe com sintomas

A preocupação da família agora é com Silveira Maria Candida Diniz de 68 anos. Ela é mãe de Samira e esposa de Paulo Roberto. A aposentada foi levada para o Hospital Eduardo de Menezes junto com a filha e está internada com a Covid-19: “A boa notícia é que ela está reagindo bem ao tratamento. Ela não está entubada e o quadro dela não é grave”, conta ítalo. Vivendo o luto de perder dois parentes em um intervalo de tempo tão curto, a família ainda tem que lidar com um outro problema – o preconceito. Em relação a isso, Ítalo fez um desabafo: “O pessoal tem inventado muita história, falando que a gente tem o vírus. Já olha pra gente de um jeito torto. Não bastasse a dor de perder gente da gente, ainda tem que lidar com essas situações de desrespeito de outras pessoas”. // G1-MG.

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