A combinação era sempre a mesma: depois de um dia na piscina ou na praia, um incômodo na região genital. Quando tomou banho numa cachoeira, após uma trilha na Chapada Diamantina, a gerente comercial Marina Meireles, 30 anos, percebeu os mesmos sintomas – coceira e irritação que beiravam o insuportável.

Foi só quando procurou ajuda de uma ginecologista que Marina descobriu que o causador de tanto desconforto era alguém, aparentemente, inocente: o biquíni molhado. No consultório, a médica explicou que a roupa úmida favorecia o desenvolvimento de fungos naquela região.

A gerente comercial estava com candidíase. Apesar de não ser considerada doença sexualmente transmissível (DST), pode ser transmitida durante as relações sexuais.

De acordo com a ginecologista Nádia Tiúba, além da coceira e irritação, a candidíase causa um corrimento branco, com aspecto semelhante a uma coalhada, além de poder gerar inchaço na vulva, causando ardor na hora de urinar.

A especialista explica ainda que, durante o verão, casos como o de Marina são ainda mais comuns. Segundo Nádia, a estação favorece a proliferação de fungos e bactérias, devido a fatores como suor, calor e umidade. Quando entram em contato com substâncias como o cloro ou areia da praia, o aparecimento de doenças fica ainda mais fácil.

Não existem dados sobre o número de ocorrências no estado, nem na capital, porque, de acordo com as Secretarias Municipal da Saúde (SMS) e da Saúde do Estado (Sesab), não são doenças de notificação compulsória. Muitas vezes, segundo os órgãos, as pessoas se automedicam ou sentem vergonha de falar abertamente sobre o desconforto.

Higienização
O problema é que as roupas molhadas atrapalham a higienização da região íntima, de acordo com a ginecologista e obstetra Márcia Machado, secretária-geral da Associação de Obstetrícia e Ginecologia (Sogiba) e professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

Segundo Nádia Tiúba, porém, uma das infecções mais comuns nessa época é a candidíase, provocada por um fungo chamado Candida (Candida albicans). Para passar longe do problema, a orientação da médica é justamente cuidar das roupas de banho.

Hoje, é o que gerente comercial Marina costuma fazer. Vale levar um biquíni extra ou até mesmo uma roupa seca na bolsa. O que ela evita, ao máximo, é passar muito tempo com a roupa molhada.

É muito comum que as problemas vaginais evoluam até quadros de infecção urinária, segundo Márcia Machado. Isso pode acontecer por fatores que vão desde a maior contaminação até a higienização inadequada das roupas. “E uma vez com infecção urinária, a paciente tem que usar antibióticos, o tratamento modifica a microflora e isso atrapalha a microbiota intestinal”.

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