O Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) estima que no primeiro trimestre de 2019 haverá um acréscimo de 10% no número de vagas de estágio oferecidas em comparação aos 710 postos que surgiram no primeiro trimestre deste ano.

A entidade considera os três primeiros meses do ano a melhor época para os estudantes conseguirem um contrato. E o perfil dos selecionados está mudando. Cada vez mais as empresas procuram por jovens que chegam dispostos a oferecer soluções e não se contentem em serem apenas meros aprendizes.

“As empresas começam a se interessar mais com o fator comportamental dos estagiários do que com o currículo”, afirma Alessandro Salvatore, gerente regional do Nordeste do CIEE.
Iniciativa, facilidade de trabalhar em grupo e capacidade de apresentar resultados quando se está sob pressão formam as características mais valorizadas por recrutadores que passaram a enxergar o estagiário como alguém que deve ter voz ativa nas organizações.

Talentos

“As empresas precisam ter mais conexão com os programas acadêmicos”, avalia Luiz França, diretor de relações empresariais da ABRH-BA e diretor de RH e TI da Kordsa para a América do Sul. Ele avalia que é um grande erro manter estagiários fazendo atividades burocráticas.

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“Precisamos inseri-los no processo e aproveitar os seus talentos”, defende França, cuja empresa em que trabalha levou este ano o Prêmio IEL de Estágio.
A mudança no perfil dos estagiários é atestada pela gerente de Desenvolvimento de Carreiras do IEL, Edneide Lima, que vê aumentar o foco em seleções diferenciadas, com jogos, desafios e treinamentos nos quais os estudantes são avaliados pela capacidade de interagir, liderar e tomar iniciativas, uma vez que o conhecimento pode ser adquirido depois, dentro da própria empresa. E quem mostra nessas atividades uma atitude empreendedora leva ainda mais vantagens.

“Isso não quer dizer que os estudantes que não se encaixam nesse perfil não conseguirão estágios. Mas para algumas vagas específicas, o comportamento é um diferencial”, explica Edneide. Ela mesmo está preparando para janeiro uma seleção de estagiários para uma multinacional instalada em Camaçari que busca um esudante com espírito inovador.

Competitividade

“Em um momento altamente competitivo, as organizações precisam estar completamente conectadas às inovações, precisam se reinventar e mudar os seus mindsets. Para tanto, a contribuição dos jovens é imprescindível”, afirma Wagner Sanchez, diretor acadêmico de graduação da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap).

Em setembro deste ano, ele esteve em Salvador para fazer uma palestra a gerentes de RH, recrutadores e representantes de universidades, quando falou da experiência de alunos da Fiap que se transformaram em estagiários empreendedores.

Para Sanchez, a vantagem dos estudantes de hoje em relação a profissionais de outras gerações é que eles não têm travas. “Os estagiários podem contribuir para uma rápida oxigenação dos departamentos e das empresas com um todo. Estas novas gerações possuem sinapses diferentes das gerações mais antigas e podem contribuir com insigths inovadores, trazendo diferenciais competitivos para as empresas”, acredita.

O diretor acadêmico avalia que as empresas devem investir em seus programas de estágios por ser um “um ganha-ganha”, referindo-se ao modelo da Teoria dos Jogos, ramo da Matemática Aplicada. “De uma lado os estudantes podem aprender na prática com desafios reais. Já as empresas podem receber insigths para sua tão sonhada transformação digital e ganhar competitividade”, argumenta.

Sanchez afirma ainda que basta vontade, disponibilização de investimentos compatíveis e uma boa causa para que as empresas consigam atrair estes talentos para os seus quadros.

Por fim, ele defende que a mão de obra jovem é a mais adequada para a quarta revolução industrial, que está digitalizando e integrando através da informática plantas inteiras de unidades fabris, um novo modelo de negócio e uma demanda de mão de obra cada vez mais qualificada e conectada com as novas tecnologias.

“A quarta revolução industrial propõe novos modelos de empresas pautadas na conectividade e mobilidade das pessoas, as empresas são obrigadas – principalmente as instituições de ensino- a buscar soluções que tragam valores e façam com que elas se tornem mais sólidas e competitivas perante mudanças e inovações que a sobrevivência no mercado exige”, afirma.

Chances

Um levantamento feito pelo CIEE aponta que os universitários têm ao menos 25% mais chances de conquistar uma vaga no 1º trimestre do ano. O motivo é que nos três meses iniciais do ano é realizada a reposição de contratos que encerraram devido ao tempo de vigência ou porque o estudante encerrou o curso de graduação. Um segundo pico de contratações ocorre nos meses de julho e agosto, também em função da reposição de contratos com os estudantes que iniciaram o curso no meio ano.

A pesquisa apontou que a partir do 4º semestre, metade da graduação para a maioria dos cursos, as chances de ser contratado são de 18,03% e, no 6º, de 19,52%.

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