Júlia Emília Mello Lotufo, mulher do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, o avisou sobre o cerco policial montado no último fim de semana em torno de sua captura. Ela também estava sendo monitorada pela equipe que tentava prender Nóbrega. Depois de ser parada, revistada e liberada por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), na altura de Vitória da Conquista, na Bahia, ela ligou para Nóbrega para falar sobre a mobilização das autoridades.

A conversa com a namorada justificaria a tensão do miliciano na véspera de sua morte, narrada em depoimento prestado na Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) por Leandro Abreu Guimarães, dono da fazenda onde o ex-capitão do Bope ficou escondido. Conforme revelou O GLOBO, o rapaz disse que Adriano estava nervoso: “Na data de ontem (8 de fevereiro) o interrogado viu Adriano teclando no aparelho celular e mostrava-se bastante nervoso”. O fazendeiro perguntou o que estava acontecendo e o ex-capitão do Bope, então, o ameaçou exigindo ser levado para um sítio.

Para os policiais, o alerta da namorada teria influenciado na decisão de mudar de esconderijo nas horas seguintes. Ele acabou localizado em uma fazenda, também situada em Esplanada, e foi morto na madrugada de domingo (9) por agentes do Bope da Polícia Militar da Bahia. Júlia deixou o sítio no município de Esplanada, na Bahia, para voltar ao Rio de Janeiro, na tarde de sexta-feira (7). Por volta de 21h, a picape Hillux branca que dirigia foi interceptada pela PRF a cerca de 600 quilômetros de distância de onde a família estava hospedada. A placa do carro, onde estavam também as duas filhas da moça, de 7 e 17 anos, foi identificada através do sistema de monitoramento do órgão.

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Resort de luxo onde Adriano Magalhães de Nóbrega teria ficado com a mulher e as duas filhas: local foi alvo de operação da Polícia Civil, mas miliciano não foi encontrado Foto: Reprodução

Os investigadores tinha conhecimento de algumas placas de automóveis usados por Adriano em seus deslocamentos. Uma delas era a da picape Hillux que Júlia dirigia. Quando atravessava a rodovia, as câmeras identificaram o veículo e um alerta foi disparado. Como não havia mandados de prisão em seu nome, Júlia seguiu viagem, após a revista policial. A família estava no Nordeste há pelo menos 15 dias. As férias na Bahia foram um pedido de Júlia. Ela deixou o Rio, de carro, com as filhas, e ele a seguiu dias depois. A família já havia passado pela Costa do Sauípe, onde a polícia chegou a fazer uma operação, mas não conseguiu prender Adriano. Ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar fluminense, Nóbrega era suspeito de envolvimento com a milícia na Zona Oeste do Rio de Janeiro e acusado de chefiar o grupo de extermínio conhecido como “Escritório do Crime”.

Ex-funcionária da Alerj

Júlia nasceu na Zona Norte do Rio e foi apresentada a Adriano por um amigo em comum. Ela chegou a trabalhar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), entre 2016 e 2017. Com um salário de cerca de R$ 3.600, Julia foi nomeada para o setor de recursos humanos da Casa pelo então presidente Jorge Picciani. No ano seguinte, foi exonerada. Nesse período, também trabalhavam na Alerj Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, respectivamente mãe e ex-esposa de Adriano. As duas eram lotadas no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro e aparecem em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como uma das pessoas que fizeram depósitos para o então assessor Fabrício Queiroz, suspeito de participar de um esquema criminoso conhecido como “rachadinha”. // Época.

'Capitão Adriano' é um dos criminosos mais procurados pela polícia do Rio; ele está foragido desde o início do ano passado Foto: Reprodução

Com Adriano da Nóbrega, morto em um sítio em Esplanada, na Bahia, foram encontrados os celulares e os chips Foto: Divulgação

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