O Instituto Médico Legal (IML) e Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD) confirmaram nesta quarta-feira (7) que o corpo encontrado numa casa na Zona Oeste de São Paulo é mesmo da assistente social Márcia Martins Miranda, de 41 anos, que estava desaparecida desde 2 de outubro. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública (SSP), a confirmação foi feita comparando as digitais da vítima com um banco de dados. A reportagem apurou que papiloscopistas do IIRGD analisaram as digitais das falanges dos dedos das mãos do cadáver enviadas pelo IML. Para isso, usaram um sistema conhecido como AFIS (sabia mais abaixo).

O cadáver foi achado na última segunda-feira (5), enterrado num dos quartos do imóvel abandonado na Rua Angelina Russo, no Rio Pequeno, que havia sido alugado pelos sogros de Márcia. A Polícia Civil investiga o caso como assassinato, sequestro e ocultação de cadáver. Os sogros de Márcia, Fernando Antonio Martins de Oliveira e Maria Izilda Pereira Miranda estão presos temporariamente desde o dia 18 de outubro por suspeita de participação no sumiço da nora.

Sogros presos

Para a 1ª Delegacia de Proteção à Pessoa do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga os crimes, os sogros de Márcia a mataram e a enterraram para ficar com a guarda dos filhos dela: um menino de 4 anos e uma menina de 9 meses. Segundo o delegado Mário Sérgio de Oliveira Pinto, Fernando e Maria decidiram cometer o homicídio depois de saberem que a nora iria se separar do filho deles e ir embora com as crianças. “Eles tinham a vontade de criar os netos como se filhos fossem. Eles tinham essa vontade de ter os netos como se fossem propriedade deles”, falou o delegado. Para a polícia, o caso está esclarecido com a prisão dos suspeitos. A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos sogros de Márcia para saber qual é a defesa deles diante dessa suspeita.

Homicídio, sequestro e ocultação

Com a confirmação de que o corpo é mesmo da assistente social, o casal poderá ser indiciado pela polícia por homicídio, sequestro e ocultação. Para isso, o delegado aguarda o laudo que identificou o cadáver como sendo o de Márcia. O delegado já havia dito que pretende pedir à Justiça a prorrogação da prisão dos sogros. Mário descartou a participação do marido da vítima, que é filho dos investigados, no crime. “Não tem indícios de que tenha participado ou tenha instigado os autores a fazer”, falou o policial que conduz as investigações sobre o pai das crianças.

O crime

De acordo com o DHPP, Márcia foi morta no mesmo dia em que saiu para trabalhar, no início de outubro. Os policiais dizem que ela foi pega pelo carro dos sogros na frente de um banco na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, também na Zona Oeste. Para a polícia, o casal atraiu a vítima com a proposta de criar uma conta bancária para os netos e depois iria mostrar a ela a casa que alugaram para que a mulher morasse com os dois filhos, uma vez que estava em processo de separação.

Sistema AFIS do IIRGD identifica digital de falange de corpo com impressão de Márcia Martins e confirma que vítima é mesmo a assistente social â?? Foto: Reprodução/Divulgação/IIRGD

“Ela foi atraída, convidada a entrar no carro para ver a casa. Lá chegando ganharam acesso ao imóvel e provavelmente no último cômodo atingiram a vítima com um golpe na cabeça, e a partir daí ela pode ter sido enterrada viva ou asfixiada”, falou o delegado. Mário acredita que os sogros tenham premeditado o crime. “Absolutamente, a premeditação desse crime nos é muito clara. Os criminosos cavaram muito fundo. Além de depositarem o corpo, fizeram uma laje”.

Família da vítima

O desaparecimento de Márcia havia sido registrado pelo irmão dela, Marcelo Martins, de 37 anos. Nesta quarta, ele falou que foi informado pelo IML do reconhecimento do corpo pelo IIRGD como sendo o da irmã. AFIS é a sigla em inglês para Sistema de Identificação Automatizada de Impressões Digitais, segundo o diretor do IIRGD, Caetano Paulo Filho. Usado pelo instituto, ele serve para comparar a digital com impressões previamente arquivadas no banco de dados do sistema. O IIRGD possui 26 milhões de registros em seu arquivo eletrônico. “Ligaram aqui para dizer que identificaram pela falange dela. Triste. Agora temos de providenciar a retirada do corpo para tratar do sepultamento”, disse ele à reportagem.

Polícia investiga desaparecimento de assistente social â?? Foto: Reprodução/Facebook

O local e horário do enterro ainda não foram informados pela família, que se divide também para cuidar provisoriamente das filhas de Márcia. “A menina ficou comigo e minha esposa. O menino está com os avós maternos e o pai biológico”, falou Marcelo, que pretende discutir com o marido da irmã a questão de quem terá a guarda definitiva das crianças. O tio da menina e do menino também isentou o marido da irmã, que é filho do casal preso, de qualquer envolvimento no crime. “Aparentemente ele não tem culpa”. Márcia era coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do Butantã, Zona Oeste da capital.

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